Viciados em Amor

Gostei muito desta reportagem por isso vou postar. Nunca imaginei que um sentimento tão sublime quanto o amor pudesse causar tantos problemas. Já diz o dito popular "Tudo que é demais cansa".

Mônica Montone

Consultora: Renata Escarlate, gestalt-terapeuta e sexóloga


O que os viciados em amor têm em comum

Ser viciado em amor pode ser tão prejudicial à saúde quanto ser viciado em outras drogas. Não é porque o amor é um sentimento nobre que ele pode ser sentido e "utilizado" em demasia. Os efeitos colaterais desse vício são quase imperceptíveis e por isso, extremamente danosos. 

É preciso, antes de tudo, compreender que os viciados em amor são na verdade, dependentes de um modelo de pensamento que impede o seu desenvolvimento pessoal. É o caso de tantas pessoas que passam de um relacionamento ao outro sem conseguir ficar consigo mesmo(a) por algum tempo. Ou, quando estão sem alguém ao lado, sentem angústia e acabam entrando em depressão, como se a vida não tivesse sentido se não for vivida a dois.

Segundo Renata Escarlate, psicóloga e sexóloga, isso acontece porque existe uma dificuldade muito grande em algumas pessoas de olhar para si mesmas. "Essas pessoas não sabem cuidar de si e por isso acabam tendo certeza de que somente uma outra pessoa é capaz disso. Elas depositam no outro a responsabilidade de suas vidas, daí a necessidade de estar sempre ao lado de alguém".

Os sentimentos que podem levar uma pessoa a não conseguir se responsabilizar pelas suas atitudes e, como conseqüência, passar de um relacionamento para outro, automaticamente, são muitos. Dependem da história de vida de cada um. 

Renata Escarlate afirma que cada pessoa tem uma razão diferente para não conseguir cuidar de si. Segundo ela, as mais freqüentes são:

Não saber o que se quer,- por não saber o que quer, a pessoa está sempre insatisfeita. Acaba desistindo de um relacionamento quando surge a primeira decepção. A expectativa de que um(a) outro(a) parceiro(a) será capaz de atender aos seus desejos faz com que passe de um relacionamento a outro, sempre na tentativa de que alguém de fora resolva seus problemas.

Não ter controle sobre o outro- a idéia de não ter nenhum controle sobre o que irá acontecer e sobre como a relação vai se desenvolver, leva ao medo de sofrer. E em vez de optar por conhecer melhor a pessoa com que se está, o medo faz com que desista e não estabeleça um vínculo afetivo. Fica mais fácil pular para outra relação e recomeçar o padrão.

Não assumir a responsabilidade por suas atitudes– pessoas com dificuldades para assumir suas escolhas, preferem colocar a responsabilidade do “fracasso”no outro. Num primeiro momento, isso alivia o sentimento de culpa e faz com que se busque do lado de fora, outro alguém que possa preencher as suas expectativas.

Não reconhecer internamente a sensação de estar satisfeito(a)- se a pessoa não consegue identificar dentro de si a sensação de satisfação, vai estar sempre em busca de algo que possa satisfazer os seus anseios. Como alguém que consome mais e mais determinada droga em busca de um estado ideal, que nunca chega.